espaço de mau feitio, alguma reflexão, música e outras panóplias coloridas

06
Set 12

 

Ontem, quando estava a falar com a metade ao telemóvel, e para celebrar o facto de ter conseguido comprar bilhetes para o último concerto de Ornatos Violeta em Lisboa, desceu sobre mim a inspiração e cantei-lhe "anda comigo ver Ornatos Violeta" na melodia pouco batida, quase desconhecida até, do convite dos Azeitonas de "Anda comigo ver os aviões". Quando desliguei, fiquei com a música na cabeça. Não gosto particularmente da música, e este é um ponto importante. Disse que ia a conduzir? Bom, ia a conduzir (tinha falado através do auricular, que não se vê do lado de fora, apesar de ser daqueles velhinhos com fio e tudo). Então, eu conduzo de janela fechada, mas quando está este calor, obviamente abro a janela. E estou a parar numa passadeira e sai-me um "Anda comigo ver Ornaaaaaaatos Violeeeeeeeeta", em voz de criança a gozar e num volume relativamente alto. É que eu canto sozinha. Eu falo sozinha, cantar sozinha é apenas o passo seguinte. Parei numa passadeira de janela aberta a cantar isto alto. Não consigo descrever o ar assustado do pacífico transeunte a olhar para mim, acho que até atravessou mais depressa.
Tirando o hilariante da situação, quando ao fim do dia contei à metade, saiu-lhe em tom de gozo um guincho parecido com aqueles dos amoladores de facas. Sabem como é? Podia ter-lhe saído qualquer coisa, mas foi aquilo que saiu. Bom, quando eu era miúda a minha mãe dizia-me que era sinal de chuva. Sempre gostei destas tradições e mitos profundamente alicerçados em nada concreto.
Resumindo, começámos a conversar sobre como inúmeras profissões se tornaram descabidas. Já quase não há sapateiros, amoladores, leiteiros, etc. e tal. Porque estamos numa sociedade em que do velho não se aproveita, compra-se novo. Com a menor qualidade dos produtos e materiais, o preço baixa e, portanto, não compensa mandar arranjar. Que mensagem andamos a passar às crianças?! Quando formos velhos, o que nos acontecerá? Eu quero que os meus filhos saibam que o som dos amoladores traz recordações. E estava eu nesta ladainha pró-antigamente quando me diz ele: sabes que sei amolar as facas, não sabes? (sim, mas esqueço-me pá!) então, quando eu estiver a amolar facas, assobio assim como eles fazem.

E pronto, descobri que por (também) é por coisas destas que este gajo é a minha metade.

publicado por Vita C às 09:43
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2 comentários:
Tinha um amigo que agora anda desaparecido por terras de Espanha (acho eu e a família) que dizia que Deus quando fez numa panela fez logo um testo para ela!"... Acho que há pessoas com quem encaixamos logo, é uma empatia que não se explica, um diz "eu mato!" o outro "eu esfolo"... o querer ir para o mesmo lado, o adivinhar dos teus pensamentos, o concluir das tuas frases... e quando se encontra a nossa metade é muito bom! Fiquei feliz por tu teres encontrado a tua! Ainda bem! Do fundo do coração! :-)

Beijinhos!

(E fartei-me de rir com a tua parvoeira ao volante.... Ahahahaha! Tonta! A assustar pessoas na passadeira! :-)
soumaiseu a 6 de Setembro de 2012 às 11:51

É ... o amor dá muito trabalho, mas vale todo e cada gesto :)
(eu sou assim, eu sou aquela pessoa desastrada, desajeitada, a palhaça onde quer que vá...)
Vita C a 8 de Setembro de 2012 às 18:47

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