Uma das minhas colegas de trabalho é brasileira e é porreirinha. Ficou, e cito "puta da vida" com a cena da Maitê Proença. A mim passou-me ao lado...
Mas a minha colega tem alguma razão. Quando ela entrou na empresa, vinha aterrorizada pela possibilidade de se enganar, pois certamente atribuiríamos o erro ao facto de ser brasileira e não à simples evidência de ser novata numa função que, não sendo complexa, é trabalhosa.
Pagando uma exorbitância pelos papéis e sua renovação, trabalha 7 dias por semana, pois trabalha aos fins-de-semana para poder enviar dinheiro para o Brasil. É empenhada até mais não e resolveu ir tirar um curso de contabilidade* cantem comigo: aleluuuuuuiaaaaaa irmãos!) para me poder libertar dessa parte que, em boa verdade, tem ficado descurada desde que iniciei funções no meu novo cargo. E continua a sofrer, por alguns, pelo estereótipo de brasileira boa e burra (boa até é, mas burra???).
Diplomaticamente, esta merda da Maitê é insignificante. Para os brasileiros (e outros imigrantes**) que cá tentam trabalhar (porque há os que de facto tentam fazer outras coisas), é uma chicotada valente. E estúpida e desnecessária.
* Tal como a pós-graduação que me propus a frequentar em regime pós-laboral para poder exercer estas funções, também este curso de contabilidade no mesmo horário é inteiramente pago pela empresa. No entanto, quer eu quer a minha colega, inscrevemo-nos antes de sabermos desta situação. Claramente, tenho muita sorte no sítio onde trabalho.
** Temos outro colaborador imigrante que, após 8 anos de trabalho em Portugal, se naturalizou. Trabalha mais que o Deco e o levezinho juntos. É das pessoas mais fantásticas e humildes que conheço. Foram os outros trabalhadores que o ajudaram a preparar o ditado que teve de fazer, perdendo noites de sono que, no trabalho deles, é bem preciso. Repetindo, claramente, tenho mesmo muita sorte em trabalhar onde trabalho.