ou "Cronologia de uma crise disparatada"
Cavaco Silva apresentou uma candidatura pré-marcada. Todos sabiam dela, da equipa que a compunha, de todos os pormenores que não interessam neste momento. A grande novidade que o actual PR apresentou foi a de não ir colocar cartazes de propaganda.
Curiosamente, e de forma nada planeada, no dia seguinte, e porque não temos políticos sérios mas sim petizes amuados, as negocações entre os senhores do desgoverno e os senhores da desoposição deram o berro do Ipiranga.
Movido pela forte convicção de que de facto tem algum poder, o PR abusou da sua e da nossa ingenuidade, convocando o Conselho de Estado, aka Brigada do Reumático Democrática.
Do que o PR se esqueceu foi que de facto o senhor desopositor Passos Coelho não tem opção que não seja a de viabilizar o orçamento, OE para os amigos, por uma questão de simples lógica demagógica. Ora vejamos, se PPC viabiliza e isto dá barraca (como se sabe que dará certamente) adoptará a postura hedionda de "i told you so"; se PPC chumba o orçamento, dá barraca na mesma, mas sai com a ideia de politiqueiro amuado e não tem condições de assumir governo. Diga-se que oposição que se opõe sem propor alternativas (cito de memória o ex-ministro Catroga, "o governo é que tem de propor alternativas) só pode fazer oposição. É rigorosamente o mesmo quando dizemos "não faças assim", e nos perguntam "então faço como?" e encolhemos os ombros, não tendo alternativa. Não se substitui nada pelo vazio, excepção (lamentável) feita à política.
Birrinhas de alguidar ultrapassadas, obtem-se um acordo enquanto, saliente-se o enquanto, o Conselho de Estado está reunido. Então que papel tem o PR nesta questão? Nenhuma, uma fantochada pegada que só vê quem quer ver.
Certo é que Cavaco Silva, por tradição histórica de um país demasiado manso, será reeleito. Certo é que PPC deverá ser o próximo Sócrates, com menos charme e pior corte de cabelo. Certo também é que continuaremos entregues à bicharada...