espaço de mau feitio, alguma reflexão, música e outras panóplias coloridas

30
Set 11

Quando, há pouco mais de um ano, fui à Madeira, fiquei perfeitamente convencida de ter (finalmente) entendido o porquê dos madeirenses votarem no Alberto João Jardim. Cheguei lá em Junho e as máculas do temporal que atrasaram o trabalho que lá teria feito em Fevereiro eram visíveis, sim, mas pouco salientes. Se fosse cá no burgo, ainda hoje estaríamos à espera da reconstrução. Visitei a Madeira entre trabalho e lazer e, afirmo-o veementemente, é a viagem que mais gostei de fazer até hoje (eu, que adoro andar por este pequeno país sempre que posso, o que não é tão amiúde como gostaria). Não fui ao Porto Santo nem a sítios com grande turismo: tirando o ter ficado instalado no centro do Funchal, num apartamento da empresa nossa cliente, andei a tentar perceber como se vive (e não só como se está) na Madeira. E a ideia, genericamente, não foi nada má. Os preços das coisas com um IVA irrisório também ajudaram, e foi a única vez que trouxe bugigangas para mim além das que regra geral trago para a família.
Entretanto, claro, as notícias desenvolveram-se, caiu o Sócrates, o mesmo a quem AJJ fez olhinhos de carneiro mal-morto aquando do temporal. E agora vai-se vendo que há um desvio colossal (sim, este é o desvio colossal) nas contas de alguém. Pois, eu com fundos quase ilimitados e com benefícios fiscais a rodos também tinha reconstruído a Madeira e, porque não, o país inteiro? Assim também eu. Sobre isto, ler este post magnífico do Jumento.

 

 

Mas prometi falar do Isaltino, reputadíssimo autarca de Oeiras e ex-ministro das Cidades, Ordenamento do Território e mais qualquer coisa. A mim, pessoalmente, só me importa o facto de ser autarca do município onde resido e esquecer-se, exceptuando os dois meses que antecedem as eleições, que Algés não é só o mamarracho do viaduto sobre a CRIL e pouco mais. Não gosto dele, de cada vez que o encontro à porta dos Paços do Concelho, com o seu ar irritante, não gosto de me ter visto envolvida em polémica na campanha de rua que protagonizou há uns anos (quando uns seus apoiantes resolveram chamar "merda" à minha mãe porque ela lhes disse que não votava no Isaltino, isto à minha frente enquanto o senhor continuou impávido e sereno passeando as suas bochechas). Não me interessa a filiação política e respectiva desfiliação do PSD. Ele, conhecido no burgo por ser o "senhor 10%", irritou-me particularmente num momento específico. Este. Quando uma pessoa se põe acima da própria justiça em Portugal e sai, impunemente, por não estar para ferir os seus belos ouvidos com acusações, algo vai mal. Também eu quero, se algum dia for presa e acusada, poder sair livremente porque não concordo, "eu cá não faço coisas dessas, sou inocente até à ponta dos cabelos". Mal, muito mal, sobretudo da parte de alguém que é da área de direito.

A detenção do Isaltino peca por tardia e cheira quase a vingança por parte do PSD que mata dois coelhos de uma só cajadada, livra-se do infiel e dissidente Isaltino, que (em Oeiras, tal como na Madeira) conta com o apoio popularucho, e faz-nos esquecer, momentaneamente apenas, de AJJ, agora que se aproximam as eleições e convem não andarmos sempre a falar da Madeira.

 

 

publicado por Vita C às 13:30
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29
Set 11

 

Por isso é que em vez de andar a preparar o trabalho final de SHT estou a reler conceptualizações de casos clínicos. Porreiro. Não me posso esquecer é que é a SHT que me paga o consultório, e não o oposto. Pormenorziiiiiiiinho.

publicado por Vita C às 16:53
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28
Set 11

Isto de ser mulher e trabalhar num mundo de homens é engraçado. Então se estivermos a falar de ir às obras fazer acompanhamento, ui ui, a parada sobe e não é pouco. Agora acrescente-se o facto de esta que vos escreve ter pouco mais de metro e meio e uma figura quase franzina.

Então lá estava eu, de botas, capacete e colete (se bem que o colete não protege grande coisa e portanto não deveria ser um equipamento de protecção, mas sim de prevenção, certo?) a averiguar os estragos provocados pelo belo do incêndio que uns senhores resolveram fazer (má educação, andam a fazer churrasco nas obras e não convidam, tá mal) e eis senão quando vejo um trabalhador meu a armar ao chimpanzé. Lá estava o pézinho sobre o topo da escada, o outro pézinho escancarado em cima de uma tubagem, e ali estava o homem, sem arnês nem coisa que o valesse (foi-se no incêndio, o arnês). Enquanto eu ia falando com o encarregado, ele ia trepando, mais um pouco, e começo eu em voz alta para o encarregado (que no fundo, é quem tem de mandar neles), "senhor Sicrano, olhe que eu não quero ver aquela merda". Sim, palavrões digo-os também nas obras, tornam-me fofinha. E disse isto em voz alta para o macaco ouvir.
Digo-lhe que se não há condições de segurança para trabalhar, enquanto não comprarmos mais arneses e afins, há trabalhos que não podemos fazer. Desceu do número de equilibrismo e diz-me que é tuga e portanto tem a arte do desenrascanço. Repito, tenho um metro e cinquenta e picos e todos os meus trabalhadores me olham de cima, por força de razão. Então fiz os possíveis para o olhar de frente e perguntei-lhe se quando cair e partir o pescoço está à espera que eu o desenrasque. "Ah, mas eu não caio", claro, respondeu-me no ar folgazão de quem sabe mas não recorda que é uma das maiores causas de morte em termos de acidentes de trabalho.
Não vou repetir o que lhe disse ao pormenor. Mas que o moço saiu de lá encarnado que nem um tomate, saiu.

publicado por Vita C às 10:50
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23
Set 11

 

A minha avó tinha um calendário na parede. Era daqueles pretos, de tipo de feltro, com um marcador vermelho que se deslocava para assinalar os dias. Quando o meu avô morreu, dia 09 de Maio de há muitos anos (curiosamente, o mesmo dia em que, há uma quantidade menor de anos, o meu pai deu entrada no bloco operatório), nunca mais o marcador se moveu.
Tiveram um casamento longo (52 anos) como longo foi o namoro, mesmo para os padrões da época (11 anos). Aliás, namoraram 63 anos, e viveram tão um para o outro que o meu pai ficou ali meio esquecido no meio, mais criado pela minha bisa do que pelos meus avós.
A minha avó morreu na semana em que vi 3 concertos de Jorge Palma, um dos quais nesse mesmo dia 20 de Setembro (o mesmo em que, há uns dias, fui abraçar a banda que me abraçou).

No fundo, a minha avó morreu apenas de corpo, fraco, ossudo, e sapudo. Soube que ia ser o último o dia em que a vi pela última vez. Mas como disse, foi só o corpo que definhou. O resto parou a 09 de Maio.

publicado por Vita C às 11:00

20
Set 11

Parece que estava esgotado, tanto que tiveram de acrescentar uma sessão às 23h55. E parece também que a myway fez um passatempo para 5 bilhetes duplos. E parece ainda que ganhei um deles. Nem queria acreditar! Estava no trabalho e desatei aos pulinhos que a fama de doida já tenho e às vezes tem também de se tirar proveito (try to picture that, ok?).
Por isso, as minhas previsões concretizar-se-ão. Hojé haverá lágrima fácil e um grande sorriso de compota da avó Pérola.

publicado por Vita C às 13:52
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19
Set 11

O meu portátil parece um gato. Tem muitas vidas. Demasiadas, diria eu. Morreu e foi ressuscitado já diversas vezes (sobreviveu a todos os discos externos que comprei como segurança), mas temo que tenha exalado pela última vez, e desta feita em ambiente de pura rebeldia.
Sábado cheguei a casa do trabalho e preparava-me para ligar o bicho e escrever a anamnese, as impressões, as ideias, etc.., Como ele tem estado a reconhecer apenas de vez em quando o carregador, enquanto introduzia a password do XP (aceitou sem problemas a password de arranque), pus-me à procura de uma pen para poder passar os documentos que precisava e trabalhar noutro portátil da casa. e puff, fez-se silêncio, o monitor preto. Voltei a ligá-lo, mas desta vez "ALERT: SISTEM PROTECTION FAILURE / PASSWORD: ". E eu, parva, punha a password de arranque, e nada! Nada... pus a password de administrador, e nada. Pus a password do XP (o desespero leva a fazer coisas que sabemos de antemão que não resultam) e nada. Entretanto, recordei-me de uma outra password, antiga, seria essa? Ora pois, mas essa tem um éle (L) e o meu portátil há dois anos que não tem a tecla L (o I, o G e o T estavam a ir pelo mesmo caminho). Portanto, morreu.
Fui ontem depositá-lo ao meu namorado, para que tente ao menos recuperar o disco.

Morreu, depois de ter servido a dona fiel mas rebeldemente.  

 

Precisa-se: portátil BARATO, sem grandes exigências (este tinha uma placa VGA de 128 MB no total, 1 GHz de RAM e 80 GB de disco, portanto, já nem se devem fabricar, tudo o que vier será acima disso por força de razão e antiguidade). Ideias?

publicado por Vita C às 12:27

14
Set 11

Tudo começou como começam os amores da adolescência. Aliás, contar esta história é também, e tanto, reviver os momentos marcantes da minha curta vida, mas que afinal parece tão grande.
Estávamos em 1995, no Julho dos meus 14 anos. Mostraram-me uma cassette de uns gajos que faziam barulho mas que soavam bem. Na cassette estava a música que ia testemunhar a minha adolescência. Descobri que a mesma música estava numa complicação chamada Heartbreakers que o lamechas do meu irmão tinha. Fui comprar o CD da banda. O primeiro CD que comprei na loja do CCB (era a Valentim de Carvalho?). No ano seguinte eles vieram a Portugal. Não fui a Cascais, por uma infinitude de razões, mas o Tó, o mesmo responsável por me mostrar a cassette, foi, e andou anos sem lavar o casaco onde raspou, por mero acaso, a mão, o braço, ou o cotovelo, do senhor Edward Louis Severson, o terceiro. Na altura já a rádio da escola era torturada pelos meus pedidos. Os meus amigos ofertavam-me CDs e coisinhas dos meninos de Seattle. Não era uma paixoneta ingénua, por ali escoava a minha raiva de adolescente, ali se restituía a minha força, nessas e nestas músicas se traduziam tantos estados de espírito que por elas passava grande parte da compreensão do meu mundo, estava (quase) tudo lá. 
A partir de 2000 tudo mudou. Veio o Restelo. Há uma grande diferença entre ouvir e interiorizar e ouvir partilhando. Eu ouvia, mas não via, e a partir desse 23 de Maio, data que celebro interiormente todos os anos, percebi que não era apenas a música. Era o todo. Era o amor pelo estado de espírito que mais nenhuma outra banda me deu até ao momento (Ornatos Violeta poderia ser a excepção, mas a estética de Ornatos arrebata-me, enquanto estes senhores avassalam, esmagam, insidiosamente, qualquer coisa em mim), pela multidão que se dava à banda que se lhes entregava. Vieram outros concertos, sim, e todos confirmaram esta sensação, esta partilha.
Momentos bons, lá estavam eles, momentos maus, lá estavam eles. Há um poder de transformação nalgumas músicas que ainda hoje me surpreende.  
Juntei-me à jammily, mas lá está, sou um bicho do mato. Ainda assim, conheci um gigante a quem estimo e guardo um carinho ainda maior que ele (aqueles abraços no Alive valem pela distância). Mostrou-me o Imagine in Cornice. E a bandeira portuguesa, senhores, a bandeira portuguesa ali, no meio da Europa.
A metade sabia que há uma parte de mim indissociável desta banda. Há muito mais de mim, mas essa parte tem uma importância que não é racional, sente-se, abraça-se, surpreende-se, mas não se explica. E se "ele é mais Iron Maiden", soube apreciar esta parte, acarinhá-la, respeitá-la e deixá-la ser. Não faz parte dela. Há coisas que a multidão anónima para mim entende bem melhor do que a minha metade. E não faz mal. 
Mudei muito nestes anos. Eles também. São uns imperfeitos. Ainda bem. No matter how cold the winter, there's a springtime ahead.  

Dia 20 quero ir ver o PJ20. Sei o que me espera. Se for, sairei de lá com os olhos a trairem os meus 30 anos e a ideia que já não tenho idade para estas coisas da lamechice. Foram tão longe, os putos! Sai-me esta frase com um orgulho estúpido, que só a eles o devem.

 

 

publicado por Vita C às 09:22
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02
Set 11

 

Gostei tanto d'O Braço Esquerdo de Deus que ando a contar os dias até dia 06 de Setembro, data em que sai o segundo livro.
Quanto ao Homem Pintado e A Lança do Deserto, parece que The Daylight War (ainda não sei a tradução para português) chega em 2012.
E esta tarde vou buscar o A dance with Dragons. Apesar de o já estar a ler em pdf.

publicado por Vita C às 11:57
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