Quando, há pouco mais de um ano, fui à Madeira, fiquei perfeitamente convencida de ter (finalmente) entendido o porquê dos madeirenses votarem no Alberto João Jardim. Cheguei lá em Junho e as máculas do temporal que atrasaram o trabalho que lá teria feito em Fevereiro eram visíveis, sim, mas pouco salientes. Se fosse cá no burgo, ainda hoje estaríamos à espera da reconstrução. Visitei a Madeira entre trabalho e lazer e, afirmo-o veementemente, é a viagem que mais gostei de fazer até hoje (eu, que adoro andar por este pequeno país sempre que posso, o que não é tão amiúde como gostaria). Não fui ao Porto Santo nem a sítios com grande turismo: tirando o ter ficado instalado no centro do Funchal, num apartamento da empresa nossa cliente, andei a tentar perceber como se vive (e não só como se está) na Madeira. E a ideia, genericamente, não foi nada má. Os preços das coisas com um IVA irrisório também ajudaram, e foi a única vez que trouxe bugigangas para mim além das que regra geral trago para a família.
Entretanto, claro, as notícias desenvolveram-se, caiu o Sócrates, o mesmo a quem AJJ fez olhinhos de carneiro mal-morto aquando do temporal. E agora vai-se vendo que há um desvio colossal (sim, este é o desvio colossal) nas contas de alguém. Pois, eu com fundos quase ilimitados e com benefícios fiscais a rodos também tinha reconstruído a Madeira e, porque não, o país inteiro? Assim também eu. Sobre isto, ler este post magnífico do Jumento.
Mas prometi falar do Isaltino, reputadíssimo autarca de Oeiras e ex-ministro das Cidades, Ordenamento do Território e mais qualquer coisa. A mim, pessoalmente, só me importa o facto de ser autarca do município onde resido e esquecer-se, exceptuando os dois meses que antecedem as eleições, que Algés não é só o mamarracho do viaduto sobre a CRIL e pouco mais. Não gosto dele, de cada vez que o encontro à porta dos Paços do Concelho, com o seu ar irritante, não gosto de me ter visto envolvida em polémica na campanha de rua que protagonizou há uns anos (quando uns seus apoiantes resolveram chamar "merda" à minha mãe porque ela lhes disse que não votava no Isaltino, isto à minha frente enquanto o senhor continuou impávido e sereno passeando as suas bochechas). Não me interessa a filiação política e respectiva desfiliação do PSD. Ele, conhecido no burgo por ser o "senhor 10%", irritou-me particularmente num momento específico. Este. Quando uma pessoa se põe acima da própria justiça em Portugal e sai, impunemente, por não estar para ferir os seus belos ouvidos com acusações, algo vai mal. Também eu quero, se algum dia for presa e acusada, poder sair livremente porque não concordo, "eu cá não faço coisas dessas, sou inocente até à ponta dos cabelos". Mal, muito mal, sobretudo da parte de alguém que é da área de direito.
A detenção do Isaltino peca por tardia e cheira quase a vingança por parte do PSD que mata dois coelhos de uma só cajadada, livra-se do infiel e dissidente Isaltino, que (em Oeiras, tal como na Madeira) conta com o apoio popularucho, e faz-nos esquecer, momentaneamente apenas, de AJJ, agora que se aproximam as eleições e convem não andarmos sempre a falar da Madeira.