A empresa onde trabalho cinco dos seis dias de trabalho que tenho durante a semana tenta mimar os empregados. Assim, pagam-nos metade da mensalidade do ginásio. Ou seja, acabaram-se as desculpas. Vou, todas as terças-feiras, à minha aula de Pilates, mas pouco mais tenho feito. Ontem, quando ia a sair, a minha chefe diz-me que vai ao Airfit. E eu, que ia ao ginásio, à parte das máquinas (na qual pus os pés duas vezes desde Maio), penso que se calhar até vu com ela. Se a minha chefe, "que é a minha chefe" (note-se aqui o tom de condescendente arrogância) consegue, certamente que eu também consigo. E lá fui.
Quando a (sacana) da monitora me pergunta se era a primeira vez e eu digo que sim, se ri e diz-me "boa sorte para sobreviver à aula", eu deveria ter desconfiado. Deveria, deveria. Aquilo é o demo! Um ritmo completamente alucinado, umas coreografias que desafiam a minha descordenaçã motora e uma energia que eu, ao fim de uma semana de trabalho, não tenho*. Já para não falar do equilíbrio!
Claro que não podia ficar por aqui. Saio da aula em versão puré de cenoura, vou banhar-me relaxadamente. Demoradamente. Chego ao cacifo, oriento aquilo para a minha combinação. Nada. Eu enrolada numa mini-toalha. Os meus pertences, incluindo a roupa, trancados no cacifo. Repito a combinação do cadeado. Nada. Morreu, o desgraçado. O cabrão, a rir-se de mim e da minha toalha.
Com a voz num sumiço, peço à minha chefe que me faça o favor de ir à recepção pedir a alguém que venha arrombar o meu cacifo. E assim, exausta, enrolada numa micro-toalha na púdica, desato aos pulinhos quando desfazem o meu cadeado. Sim, aos pulinhos. Sim, com a toalha.
* Além de mais, a minha chefe também não tem. Metade da aula passámos em modo descanso. Mas sim, sobrevivi à aula.