espaço de mau feitio, alguma reflexão, música e outras panóplias coloridas

17
Set 15

publicado por Vita C às 10:21
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04
Fev 14

Não sei por onde começar. Acho que nunca temos palavras nestas situações, e sempre achei de um formalismo inaudito a tradição de apresentar pêsames.
Sei que era um guerreira e o foi até ao fim. Mas era uma luta desigual a que travou. Sabes, agora por experiência própria, o que eu sei desde a morte do meu avô e do meu tio. Também a eles se chegou, insidioso e inesperado, esse inimigo poderoso que é o cancro. Nenhum dos nossos ganhou. E agora que a perdeste, sentes que a veres definhar dia após dia, a veres lutar com forças que desconhecias, que até ela desconhecia, tudo foi em vão.
Tens agora a responsabilidade de a estimar ainda mais, apreciar e celebrar toda a vida que ela te deu, todos os exemplos e conselhos, toda a traquinice que te aturou quando eras miúdo, todos os momentos que só um amor de mãe pode proporcionar. Toda a luta que ela travou, também o fez por ti e pelo teu irmão. Agora vive tu.

publicado por Vita C às 19:30
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10
Ago 13

Até sempre Fernanda. Era, à partida, uma luta injusta, mas era a tua luta, até ao fim. Obrigada.

publicado por Vita C às 20:13
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18
Jun 13

 

(recordo perfeitamente: ia a entrar no teleférico no Funchal quando me telefonaram, há três anos, com a notícia da sua morte)

publicado por Vita C às 21:53
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10
Out 12

Foi um privilégio conhecê-la, D. Isabel. E reconhecer que me mudou, para sempre. Até sempre, sempre. E obrigada!

publicado por Vita C às 09:20
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20
Jul 12

Tive vários professores na faculdade que me marcaram. Alguns pela negativa, muitos mais pela positiva. Desde as aulas ao pé do lago a ver os peixes, ao professor que sabia o nome de todos os alunos das suas cadeiras (vários anos depois de deixarem de ser seus alunos). Ainda o professor que simulou um ataque cardíaco em plena sala de aula para nos falar da "apatia do espectador" e da Kitty Genovese.
Tive um professor que dava aulas optativas nas escadas da faculdade porque não tinha previsto que todos os alunos do ano se inscrevessem na sua cadeira não obrigatória (era etologia, coisa a que muitos psicólogos não dão a devida atenção). Nas escadas ao ar livre. E entretanto, à chuva. Sem ir embora. Porque aqueles eram os seus alunos. Esse mesmo professor deu, a mim e a uma colega, guarida no seu gabinete, dotado de aquecimento, uma vez que vim de uma casa de cópias do Campo Grande (mais barata do que a nossa reprografia) à chuva, para que nos pudessemos aquecer e evitar uma monstra constipação. Esse mesmo professor assumiu que não era professor de café, de ser popular entre alunos. Simultaneamente, preparava habilmente as nossas sebentas, estimulava que participássemos em conferências e jornadas (jornadas eto-primatológicas, yeah!), em tertúlias onde a sua sapiência descia ao comum dos mortais. Torturou-nos mentalmente ao desenharmos experiências sensoriais que associassem Klimt e Kandinsky a Béla Bartók.  Nada de exames escritos nas suas cadeiras, apenas orais. Foi meu professor de Grandes Correntes da Psicologia (com o professor das aulas no lago), de Etologia e de Psicologia da Motivação Humana. No primeiro exame oral apontou a cadeira e disse-me "Pode sentar, está electrificada" ... Foi das pessoas que mais me marcou e mais cravou em mim a ânsia de aprender, de perspectivar, de entender MIDA, MIA e afins. Era filho de um dos mais ferozes opositores da instituição do curso de Psicologia em Portugal.

A ele, o meu marcante professor Rodrigo de Sá-Nogueira Saraiva, os meus sentidos pêsames.

Ao pai, o eterno professor José Hermano Saraiva, a homenagem tardia pela triste certeza de saber que ninguém cuidará como ele da memória que existe em cada História.

 

 

publicado por Vita C às 15:22
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17
Jul 12

Esta semana foi particularmente dolorosa. Porque a Campera morreu e eu descobri o quão potente é a minha raiva, porque uma das pessoas que mais admiro voltou costas a este país que ama e partiu, porque fui confrontada com aquilo que poderia ter sido e aquilo que também escolhi não ser.  Sim, estou cansada, mas também estou esperançada.


Vale-me o que sempre me valeu: a crença de que os meus passos nunca são solitários. A certeza que há mais nesta vida do que o longe e a distância. O mundo pode ser cinzento, mas há momentos, raros, que são da cor do sorriso que amo, que são da cor da certeza do que quero hoje para o meu futuro, da cor das coisas simples.

 

Ah, e I <3 Pólo Norte! Feliz Ano Novo!

 

* Pearl Jam, Unthought Known

publicado por Vita C às 09:35

29
Mar 12

Tinha pensado escrever hoje um qualquer post sobre o meu pai, que hoje debanda para Ourique, ver a especial do Rally de Portugal, ele que chegou a participar e adora conduzir. Ele, que apesar de não ter direito a post do dia do pai, é a única companhia possível para os Mayday, Mayday (descobrimos no domingo que ambos adoramos e não perdemos nem um). E até era um post jeitoso, entre o lamechas e o humor peculiar que me caracteriza.
Era sobre isso que eu queria escrever.

Mas vou ter de me despedir do primo Zezinho, que a bem dizer, era primo do meu irmão, e que a bem dizer tinha mais de 40 anos e portanto, dispensaria o diminutivo. Mas era como se fosse meu primo e será sempre o Zezinho. O Zezinho, que teve uma vida tramada, lixada até, sofreu um desgosto como eu nunca imaginaria, sobreviveu e agarrou-se à vida para tentar ser feliz, e que passou os últimos anos numa cadeira de rodas e sempre entre a alegria de viver e a revolta de saber o que seguiria.

publicado por Vita C às 11:33
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22
Mai 11

A Melga, uma coisa assim para o arraçado de labrador, um doce de bicha desajeitada e com um focinho de meter medo, é a cadela do meu pai. Escrevi "é" e não "foi", porque a Melga, essa portentosa e mimosa cadela castanha que convive com uma outra cadela e uma gata, tem um lugar muito especial na vida do meu pai.
Meiga como poucas, com um latido quase assustador, diversas vezes a vi ir galopante ao encontro do gato da casa, até que ao chegar-lhe o cheiro do conhecido felino, travava a quatro patas e se punha a lambê-lo. E a pousar a cabeçorra nas pernas do meu pai a pedir festas.
A Melga teve duas semanas de pré-aviso, em que ninguém descobria o que ela tinha. E ver o meu pai atarantado é algo que só imaginava possível precisamente por causa da cadela. Ele, que como eu (ou eu como ele), sempre gostou mais de animais do que de pessoas, a levar a cadela para exames e mais exames e mais exames. Não tenho dúvidas que é a grande companhia do meu pai, a mais dedicada e a menos exigente. A mais paciente e a melhor ouvinte.
A Melga morreu esta semana. E tenho a certeza que uma parte do meu pai partiu com ela.

publicado por Vita C às 00:06
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20
Fev 11

Não sei por onde começar. Acho que nunca temos palavras nestas situações, e sempre achei de um formalismo inaudito a tradição de apresentar pêsames.
Sei que era um guerreira e o foi até ao fim. Mas era uma luta desigual a que travou. Sabes, agora por experiência própria, o que eu sei desde a morte do meu avô e do meu tio. Também a eles se chegou, insidioso e inesperado, esse inimigo poderoso que é o cancro. Nenhum dos nossos ganhou. E agora que a perdeste, sentes que a veres definhar dia após dia, a veres lutar com forças que desconhecias, que até ela desconhecia, tudo foi em vão.
Tens agora a responsabilidade de a estimar ainda mais, apreciar e celebrar toda a vida que ela te deu, todos os exemplos e conselhos, toda a traquinice que te aturou quando eras miúdo, todos os momentos que só um amor de mãe pode proporcionar. Toda a luta que ela travou, também o fez por ti e pelo teu irmão. Agora vive tu.

publicado por Vita C às 13:42
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