Bem, por onde começar?
Eu estive como secretária e escrutinadora numa das mesas de voto em Miraflores, aquelas que apareceram nas têvês, tal e qual. Entrei no pavilhão às 07h da manhã e passava das 22h30 quando cheguei a casa. Não almocei, fui uma vez à casa de banho e, de resto, estive ininterruptamente a prestar apoio aos eleitores, quer a descarregar votos, a registar reclamações e auxiliar como pude.
A organização não foi má. A organização foi inexistente. Não se admite, a não ser por mero exercício de amadorismo, a falta de informação disponível (aos eleitores e aos membros de mesa) e de logística.
Não se (deve) brinca(r) com o direito e dever de voto. A reorganização das freguesias teve como consequência uma suposta reestruturação de listas e cadernos, aglutinação de mesas, selecção (aparentemente aleatória) de eleitores de uma lista para serem designados numa outra lista e, surpresa das surpresas, nada disto foi comunicado com a antecedência necessária e exigível.
Houve eleitores que, claramente, não se deram ao trabalho de verificar que estavam na mesa errada? Sim, houve. E com esses pudemos nós lidar bem. Pessoas que estão horas nas filas para votar e a quem depois é dito que está na fila errada (porque de facto, só conseguimos registar o voto das pessoas cujo nome consta nos cadernos) são um caso diferente. Pessoas que estiveram horas na fila para votar em branco ou mesmo depositarem um voto nulo claramente queriam expressar a sua opinião. E é isso que conta. Infelizmente, dada a falta de condições, muitas pessoas optaram por não votar. E isso denigre a democracia.
Espero que a lição tenha sido aprendida.
A minha mesa registou em acta o desagrado dos membros da mesa com a situação. Recebemos quase uma dezena de reclamações (ao invés do que a comunicação social relatou, existem sempre formulários de protesto nas mesas). Foram poucas, na minha opinião.
Alguns dos eleitores compreenderam que os elementos da mesa pouco poderiam fazer e, felizmente, apenas a minoria saiu fora dos limites da boa educação. Ainda assim, lamentavelmente, a mesa enfrentou uma situação em que houve a necessidade de alertar a PSP. Reforço, compreendo e entendo a frustração, mas há formas adequadas de apresentar reclamação e até mais produtivas de descarregar a frustração.
Faço um bom balanço da experiência que foi, embora repita, espero que a lição tenha sido aprendida por quem de direito.
Quanto ao resultado em si, disseque-se o que se quiser, são 11 contra 11 e no fim ganha a Alemanha.