espaço de mau feitio, alguma reflexão, música e outras panóplias coloridas

27
Ago 12

 

Preâmbulo: não sou mãe (ainda), mas tenho a melhor mãe do mundo. Tenho amigas que são mães e que nasceram para o ser, e tenho amigas que vivem a maternidade com um misto de medo e incerteza. Independentemente de tudo isto, tenho opinião.

 

 

Uma das minhas melhores amigas tem um filho com 16 anos. Um miúdo amoroso, obviamente na fase da aborrescência, mas amoroso.
Tem também um namorado, com quem vive há uns anos que não é o pai do rapaz, mas que teve todas as oportunidades de se tornar o "pai a sério", uma vez que o pai biológico não só vive longe como pouco faz em prol do filho.

Esta minha amiga tem 42 anos. Não quer ser mãe outra vez. O namorado tem 37 anos. Quer veementemente ser pai.
O facto de não se entenderem sobre este assunto tem gerado discórdia e discussões acesas, a ponto de uma relação que era relativamente estável andar completamente na corda bamba.
É perfeitamente legítimo ele querer ser pai. Mas também é compreensível que na situação em que se encontram, emocional e financeiramente, que ela não queira ter outra criança. Sim, ela já tem um filho e ele não, mas caramba, quando eles se juntaram o puto tinha pouco mais de 5 anos. Era uma oportunidade de ouro para testar as competências parentais de ambos. E não resultou (ainda hoje não resulta, continuam a dividir as despesas por três e a minha amiga paga dois terços).

 

Estas coisas fazem-me confusão. Eu seria incapaz de ser mãe por pressão da minha metade. Creio até que a minha metade deixaria de o ser se me pressionasse desta forma. Eu entendo o relógio biológico, mas entendo ainda mais o respeito em que tem de se basear uma relação. E não é isto que vejo. Tive oportunidade de dizer tudo isto à minha amiga e sei que existe uma decisão pendente. O "ele é tão boa pessoa" não pode funcionar como desculpa. O mundo está cheio de boas pessoas que se deixam ficar em más relações. Que é precisamente o caso. Ser mãe apenas para satisfazer o companheiro e perpetuar uma relação que terminou não é ser verdadeiramente mãe. É ser fraca. E a minha amiga, por tudo o que passou, é uma pessoa forte.

publicado por Vita C às 10:03
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4 comentários:
Ser mãe é muito mais do que uma imposição da metade... Eu nunca tive instinto maternal, ser mãe não era um dos objectivos da minha vida, nem existia na minha lista de coisas a fazer... era perseguida pelos familiares e amigos, olhavam para a minha forma roliça (como sabes nunca fui magra) e eram indelicados "então, então à espera de quê?", cheguei a dar respostas tortas! Um dia achei que podia ver no que iria dar e propositadamente baixei as protecções. Fiquei grávida! Nesse dia achei que ia morrer de medo, angústia, receio... mas dentro de mim nasceu uma coisa nova: eu sentia-me mãe! E quando tive de enfrentar a recusa de uma mãe ciumenta que não queria ser avó eu lutei com unhas e dentes! Hoje a minha filha é o melhor que me podia ter acontecido, eu era feliz sem ela, mas sou muito mais feliz com ela, acho que isto só se percebe plenamente depois de nós próprias sermos mães! Percebo a tua amiga, ela já passou por isto e não quer repetir, ele vive um desejo egoísta de querer um filho só dele... há que conversar e tomar uma decisão... ponderar os pró e os contras, ela tem 42 anos, valerá a pena o risco? Eu não o faria mas só eles podem decidir o que fazer!

Beijinho linda Ruiva!

São
soumaiseu a 27 de Agosto de 2012 às 12:44

Qualquer imposição, para mim, é absurda. Ou as coisas se fazem por que se querem, ou não se fazem. Ponto. Ser pai "porque sim" é de uma imaturidade na relação que não entendo. Sim, os filhos complementam a relação (segundo dizem), mas parece-me que aqui é só o ego dele a entrar em consideração. Quanto a conversar, é difícil. Lá está, o pior surdo é o que não quer ouvir. Espero nunca me ver nesta situação.
Vita C a 28 de Agosto de 2012 às 11:56

Não sei se complementam.. no meu caso não senti muito isso, mas mudou-nos muito... para nós essa mudança foi positiva, mas também acredito que possa não o ser.... depois de se ter um filho não fica pedra sobre pedra. Tudo se há-de resolver com a tua amiga! Seja o que Deus Quiser! E tu estarás ao lado dela! :-)

Bjinhos!

Eu tenho algum medo, confesso. Como tu, nunca me imaginei mãe, mas agora que sei que, para mim, as coisas podem complicar bastante, ainda mais receio tenho, mas também mais vontade. Só que a minha relação, não sendo eterna, é tão estável e saudável que me permite ponderar as coisas. A minha amiga tem uma relação em que esse tema passou a centralizar tudo. Isto para mim não é saudável, eles já conversaram e reconversaram, já discutiram e fizeram as pazes, já isto e já aquilo e parece que volta sempre ao mesmo.
Tens razão. Eu estou lá. Gosto muito dos meus amigos. São poucos, mas são os melhores do meu mundo.
Vita C a 29 de Agosto de 2012 às 11:19

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