Aproveito o tempo disponível para passear.
Aproveito o tempo em que não me tentam impingir um doutoramento que escolhi não fazer, argumentos de "tens obrigação de aproveitar a tua inteligência" continuam a não me convencer.
Aproveito o tempo em que não estou a resolver se as primas e os tios que não se dão vão ou não ao casamento do mano (que ao meu não vão já está decidido). Entre outras coisas apetecíveis.
Portanto, quando não estou a tratar de merdas que por mim estão resolvidas, aproveito o tempo. Compro um passe com mais abrangência. Passeio. Dou comigo a maior parte das vezes enfiada na baixa e no chiado. A beber mojitos e a ouvir ópera ao ar livre. A entrar nas livrarias que cheiram a livrarias e não a espaços comerciais que por acaso têm livros. A contemplar esta baixa que cada vez mais me fascina. E então, do meio do nada, o grito do Ipiranga: senhores do euromilhões, é para quando mesmo? Tenho pressa! (já dizia o Adriano*)
* vão ouvir a fala do homem nascido, magnificamente interpretada pelo Nuno Prata, provavelmente a próxima OST cá do estaminé.