espaço de mau feitio, alguma reflexão, música e outras panóplias coloridas

07
Mar 10

 

Durante anos achei uma violenta hipocrisia a comemoração do dia da mulher, uma espécie de discriminação positiva, nome estúpido para um facilitismo teórico, pouco exequível ou defensável. Tudo assenta num pressuposto de igualdade. Errado.

Muita gente compreende esta igualdade num sentido literal e estrito. A consequência mais óbvia disto é, entre outras, o desaparecimento do cavalheirismo e da percepção das diferenças. Ah querem ser iguais? Então toma lá de mudar pneus, estucar paredes, carregar tijolos, rapar cabelos (sim, Demi, esta é para ti), etc. e coiso e tal. Direitos iguais, tarefas iguais. Repito, errado.

A igualdade de direitos deve respeitar, agora e sempre, as diferenças de género imputáveis à nossa (e vossa) estrutura biológica. Somos tendencialmente mais pequenas, somos tendencialmente menos forte fisicamente, somos tendencialmente menos velozes, somos tendencialmente mais capazes de desempenhar várias tarefas simultâneamente, somos tendencialmente mais capazes de expressar emoções, somos tendencialmente muita coisa. E muito parte daqui: tendência. É que um estudo científico, que implica análises estatísticas descritivas e inferenciais, apenas pode sugerir tendências. Esquece e menospreza os valores e desempenhos individuais em detrimento da possibilidade de extrair ilações. Tanto que a informação nos pode chegar distorcida e, despidos do nosso sentido crítico, aceitamos a notícia como arautos da verdade. Espalhamos a notícia, o estereótipo, a chacota, a mulher deturpada. Todas as diferenças não nos podem menosprezar nem minimizar. Devem, apenas, diferenciar-nos e fazer-nos compreender. Somos diferentes, sim, e então? Intelectualmente, esta diferença qualitativa não se traduz, para nenhum dos lados em inferioridade quantitativa.

Parece-vos básico, este post? Então expliquem-me, como pode ser possível, com tanta informação, continuarmos a ter tanta disparidade salarial face ao mesmo cargo, entre homens e mulheres? E porque é que são as mães as preferidas para ficar com os filhos em caso de separação? E já agora, porque é que têm de existir quotas na política?


Podia continuar ad infinitum, creio eu. Por agora, resta-me acrescentar que, ao contrário dos anos anteriores, este ano vou acreditar no dia da mulher. Mas que não se esgote a 08 de Março.

publicado por Vita C às 21:16
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