espaço de mau feitio, alguma reflexão, música e outras panóplias coloridas

08
Out 10

Sempre tive a rebeldia adolescente de não andar de guarda-chuva. Nunca gostei de ter as mãos ocupadas com coisas fúteis, e sobretudo, nunca apanhei uma gripe que me fizesse mudar de opinião.

Talvez seja por isso que estes dias de chuva me aquecem o coração. É ver a je a espetar uns fones nos ouvidinhos e fazer-se à paragem do bus, de peito aberto e alma cheia. Ah que as poças incomodam, ah, que o trânsito fica caótico, aaaaaaaaaaaah que tédio. Sempre achei que a chuva seria uma coisa quase como as lágrimas de um deus que não seria suposto chorar.

Sou uma pateta. Mas adoro chuva...

 

 

publicado por Vita C às 09:22
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07
Out 10

Cortar a partir dos salários três vezes superiores ao salário mínimo não me parece mal. Nada. Nada mesmo.
Se calhar sou eu que sou estúpida. É possível. Possível, mas não provável.

 

(não é um post out of date, mas quando pessoas que recebem mais do dobro que eu levo para casa ao fim do mês se queixam de que assim não conseguem viver acho que me passa uma coisinha má à frente dos olhos e isso repercute-se nas teclas).

publicado por Vita C às 22:29
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05
Out 10

Não há nada como a partilha.
Não há nada como o riso de coisas sem sentido, sem regra ou rotina, coisas que nada têm de importante e que afinal mantêm tudo aceso. Descobrimos constantemente que a ausência de sentido é apenas a possibilidade da sua descoberta, redefinição e partilha.

As pequenas coisas, sabemos, são as maiores de todas.

Esta música acompanhou-me este fim-de-semana ausente (ou eu acompanhei-a, depende da perspectiva), enquanto a saudade palpitava. Faz-me sentido recordá-la neste dia.

 

 

Poderia este ser um post lamechas? Podia, mas garanto-vos que o não é.

publicado por Vita C às 20:27
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04
Out 10

 

Estava eu fora da capital a adivinhar uns dias de tédio (e não de ócio) quando me apercebo que me tinha esquecido de levar um livro. Ora parece que as livrarias são espécie em vias de extinção, mas lá desencantei o Fúria Divina, do senhor do telejornal com sotaque aprimorado que nos pisca o olho quando se despede. Estava já resignada quando encontrei Marina. Carlos Ruiz Zafón é o escritor d'A Sombra do Vento e d'O Jogo do Anjo. Os títulos podem parecer comercialóides, mas não se isentam de uma escrita que nos prende desde o primeiro momento. Pelo menos a mim.

A "incandescência da ferida fresca", como lhe chama Zafón, merece-lhe este lugar no pódio. Não são "apenas" narrativas cativantes e bem construídas, nem somente adjectivos e advérbios bem escolhidos e colocados. Há aquele toque inconfundível que a história nos deixa, aquela angústia de termos lido a última página e sabermos que era só um livro. A raiva de Julian Caráx, a ansiedade de David Martin, a eterna livraria Sempere, o Cemitério dos livros esquecidos, todos os fragmentos que se impregnam no nosso histórico pessoal de leitura.

Confesso que é um terceiro lugar distante de García-Márquez e de Saramago. Ainda assim, e talvez por concorrer com estas referências tão grandes para mim, afigura-se-me uma óptima escolha.

publicado por Vita C às 21:44

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