Até há coisa de meia hora atrás, estava lixada com F maiúsculo porque com a mudança nas instalações compreendi que o meu passe não serve. Quase 50 euros e não serve. Serve para o outro operador da empresa, a lisboa transportes, mas não serve para a vimeca, única forma directa de chegar a Queluz. Não interessa que o site seja o mesmo, que os pontos de venda sejam os mesmos, que a estrutura da empresa seja a mesma. Pior, nem o passe acima do meu, o l123 serve, e estamos a falar de passes que se regem por coroas, portanto, por abrangência geográfica. Posso vir de Almada para cá de barco com o meu passe, mas não posso ir até Queluz na vimeca. Solução? Comprar dois passes... o que não me parece solução nenhuma para um operador, mas infelizmente é o que terá de acontecer...
Mas então, isto era o motivo pelo qual eu estava chateada e a escrever um e-mail à vimeca. Era, porque entretanto recebi um telefonema de uma antiga colega na tal empresa que partilhava instalações com a minha e que, explorada como estava e sabendo que a empresa estava a entrar no abismo da insolvência, conseguiu encontrar outro emprego. Mais longe para ela, que mora fora da cidade, mas um emprego. Quem tem 40 anos e está à procura de emprego não pode ser esquisita, sobretudo quando se tem um filho para sustentar sozinha. E nesse telefonema, contou-me que hoje foi o último dia de trabalho porque tinha chegado ao fim o período experimental e a empresa ia mal. Não ia mal há um mês atrás, pelo que lhe tinham contado na entrevista, foi assim a modos que um AVC empresarial.
A minha amiga é uma mulher de armas. Divorciou-se e veio com o miúdo para a capital depois de ter vivido na zona centro, foi a éne entrevistas, encontrou diversos empregos onde nunca valorizaram nem a experiência nem as competências que tem. Claro que nunca trabalhou na sua área de formação (é socióloga) mas nunca deixou de trabalhar e de ir fazendo formações para adquirir novas ferramentas de trabalho. Saiu da empresa vizinha da minha ao fim de 3 anos sem um aumento, com o vencimento parco a ser pago às vezes já depois do meio do mês. E sai porque acredita que vai para melhor. Esforça-se. Trabalha até tarde. Pergunta, questiona, empenha-se, porque sem isso não se aprende.
E o que me indigna é saber que esta empresa que a contratou sabia que ela se ia despedir de um sítio onde, apesar de tudo, estava efectiva e tinha, em caso de despedimento, direito a alguma regalia em termos da Segurança Social. Agora? Nicles batatóides. É isto que cansa. É saber que ela terá de recomeçar tudo de novo, outra vez, que se já perdeu o sonho de vingar na sua formação, ao menos que não perdesse o sonho de se poder empenhar num trabalho. Porque ninguém merece ter a ousadia de arriscar e sair sempre o cavalo errado.