Que tenhamos um primeiro ministro eleito por um quarto dos portugueses e que, mesmo assim, tenha ficado à beira da maioria?
Não me choca que PPC tenha ganho as eleições, muitos houve que embarcaram no voto útil e no voto-tudo-menos-sócrates. O PSD é um vencedor previsível, se digno e estável, o tempo o dirá. Não me choca também a queda do BE, que pouco ou nada conseguiu transmitir nesta campanha e que assinou a sua sentença de exclusão ao recusar discutir com os senhores do guito (yabadaba, a dívida não é nossa, mas vivemos na UE, o que se há de fazer?) nem me espanta a estabilidade da CDU (o verdadeiro comunista é-o em todas as circunstâncias, quando começa a divergir deixa de ser comunista).
O que me faz confusão é a enormidade do vencedor, a abstenção. E que sabemos que o voto não faz diferença, e que são todos uma desilusão, e que é uma forma de protesto, blá blá blá. Pois eu também voto sempre num partido que nunca ganha. E que mal se faz ouvir. E que também erra, e de que maneira. Mas ganho eu, pelo menos em legitimidade em refilar e em desiludir-me. Coisa que metade dos portugueses perdeu este domingo.