Tenho 31 anos. Licenciei-me há 9 anos, na altura ainda eram cinco anos de curso. Estagiei em dois sítios ao mesmo tempo . Tirei duas pós-graduações em psicologia e outra em SHT. Pelo meio, dei aulas na Universidade de Évora, fui monitora em Escolas Básicas em Lisboa, dei explicações, vendi computadores, fiz pizzas, entretanto sou técnica de segurança, técnica de ambiente, e sou psicóloga em part-time. Portanto, parece-me que não sou propriamente preguiçosa. Sou, assumo, uma eterna insatisfeita, e ainda que num emprego dito estável, vou pesquisando, procurando, sempre. Hoje, tinha uma entrevista para uma vaga na área da psicologia. Mas afinal, era um recrutamento de formandos para um curso num determinado modelo terapêutico (ainda por cima num modelo fechado em que nada de integrativo poderia ser aprofundado), para trabalhar com crianças e adolescentes num contexto altamente específico, e para o qual tinha de apresentar uma caução de 450 euros. Durante o curso, receberia nestum (népias, neribi, trabalho à borla).
Claro que aqui a vitamina esteve 10 minutos na entrevista, levantou-se calmamente, desejou muito boa sorte a quem ficou, e explicou que queria um trabalho, um projecto, um desafio, não que me tentassem impingir o que quer que fosse como se fosse a salvação perfeita e a única forma de obter bem-estar psicológico.
Podem continuar a fazer figas, outras oportunidades virão!
* Descaradamente roubado de uma rúbrica d'O Fogo Posto.