espaço de mau feitio, alguma reflexão, música e outras panóplias coloridas

31
Mai 12




Deixei de fumar. Eu, que disse que nunca havia de admitir o facto, cedo a mão à palmatória. Deixei, deixei mesmo. Porque de cada vez que se me apoquenta a alma com pecaminosas manifestações de privação tabágica, lembro-me da D. Isabel. E da Fernanda, que palmilhou comigo o caminho da fisioterapia. E da Rita, a estagiária de fisio que teve a árdua tarefa de me manter concentrada. E da Catarina, a grande, bela e portentosa Catarina, que me pôs à prova e me contagiou com o gosto pelo exercício (moderado, moderadíssimo).
Lembro desta gente toda, dou uma inspiração profunda e compreendo, por fim, que o melhor é aceitar que sou uma ex-fumadora. Não por falta de vontade, admito, mas por vergonha de estar a deitar fora a minha saúde, tendo em conta o que passei e o que vi outros passarem.

Nos entretantos, confesso que ainda estou tipo lontrinha bebé, mas menos redonda. Peso exactamente o mesmo, mas já corro com um ritmo estável e minimamente parecido com corrida de endurance (a velocidade não é o meu forte). Consegui, até agora, não falhar um único treino de corrida/marcha, nunca esquecendo o aquecimento inicial e os alongamentos finais. Estou bastante mais fortalecida em termos respiratórios, uma vez que já não morro de cada vez que corro, aliás, o esforço tem diminuído a olhos vistos. Mas ainda me esforço, obviamente. É ver-me no fim da meia hora, ali em frente ao jardim, a alongar enquanto inspiro e expiro consciente de cada poro do organismo.
Corro três dias por semana e vou à hidroginástica noutros dois dias. Se tivermos em conta que, para meu grande espanto e admiração, existem pesos (halteres, pá!) na hidrocoisa, a dose de esforço mantém-se. Por um lado corro sozinha, por outro exercito-me na piscina com uma panóplia de respeitáveis senhoras e senhores que me dão uma monumental abada (por enquanto). Tem a grande vantagem de ser divertido e relaxante. Chego a casa e a vontade de dormir apodera-se do meu corpinho de forma implacável.

Sou, portanto, uma pessoa mais saudável. Mais consciente. Continuo sem orgulho por ter deixado de fumar, mas gosto cada vez mais de mim. E todos os dias agradeço a oportunidade que me foi dada para abrir a pestana a tempo.

* EWBtCiaST, Elderly Woman Behind the Counter in a Small Town, Pearl Jam

publicado por Vita C às 16:34

28
Mai 12

Entre encher a cara da Lagarde de estalos e enternecer-me com o facto de, mesmo nesta altura, continuarmos a ser solidários, prefiro concentrar-me nas boas notícias.

Ainda assim, acima de tudo, sei que sou a feliz contemplada em ter o papel principal da minha vida. Ter os meus amigos. A minha metade. A minha família. Sim, todos podem ter os melhores (inserir vocábulo adequado) do mundo, mas os meus são meus.
Aprendi há muito tempo a deliciar-me com os momentos quando acontecem. A não tentar retê-los para sempre, só fazem sentido na altura em que ocorrem.

Há momentos difíceis? Há, cada vez mais, mas anda sempre à volta do mesmo: o dinheiro não estica e implica escolhas que ninguém deveria ser obrigado a fazer. Temos direitos que cada vez menos são inatos e cada vez mais são comprados e compráveis. Portanto, se os meus problémas se resolvem com dinheiro, e como o dinheiro não traz felicidade, só posso ser feliz. Estupidamente feliz, loucamente feliz. Aquela felicidade que faz com que não me importe por não ter gás em casa, por ter o carro na reserva, enfim, por as minhas preocupações não serem os áutefites e luques conjugados mas sim as minhas próximas refeições. Oh, mas eu sou feliz, no limite, mas feliz. Tanto...



Claro que poderia ser mais se a senhora Lagarde e a senhora Merkel fossem obrigadas a viver durante um ano auferindo mensalmente apenas o salário mínimo português. Não por lhes desejar qualquer mal (cof, cof) mas por achar que lhes faria bem enquanto seres humanos ... 

* The Pretenders

publicado por Vita C às 17:18

25
Mai 12

Sencível?
Defeciente?
Frecuentado?
Impone?
Voçês?



EDIT: Mechilhão?

(eu tento não ligar, mas estas coisas entram-se-me pelos olhos adentro e dão-me cá umas urticárias ... se não era de os pôr todos a repetir a primária!)


publicado por Vita C às 12:10
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23
Mai 12

Doze. Já?

publicado por Vita C às 13:15
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22
Mai 12

Não me choca que Álvaro Pereira coise o coiso que é o desemprego. Compreendo que para quem passou muito tempo lá fora, nem sempre os vocábulos se nos aflorem aos lábios (excepção feita ao vernáculo popular, claro está). O governo não tem o desemprego como problema, portanto, ao contrário da grande maioria dos portugueses, que recorre à expressão diversas vezes ao dia, o governo apenas a utiliza em actos oficiais. Portanto, o coiso de Álvaro Pereira sucede a um discurso que até estava a ser razoável. Depois de tanto se bater no Álvaro, até por causa do QREN onde o coitado do Álvaro não foi tido nem achado, confesso que assistia ao discurso com uma ponta de emoção, como as professoras quando vêem os meninos nas festas de fim de ano, a ver se os petizes não dão cabo daquilo tudo. E o menino Álvaro deu, de facto, cabo do raio do discurso. Acredito que o Paulo Portas lhe poderá ensinar bastante sobre demagogia no discurso e aqueles pequenos truques que fazem dele um comunicador nato. O Álvaro merece, porque se esforça. E no que toca a este esforço, poucos outros membros do governo se podem pronunciar.

 

Nesta Europa há coisas que me fazem alguma confusão e muito asco.
Os gregos vão a votos e como os resultados não foram digeríveis pelo resto da Europa, voltamos a ter eleições. Mas o que é isto? Para mim, é apenas e tão só a profunda falta de respeito pela democracia como a conhecemos. Vamos levar a Grécia iterativamente a eleições até satisfazermos o ego europeu, é isso?
Anda a maior parte de um país de corda ao pescoço para agradar aos senhores que nos dão o dinheiro (que, repito, não foi essa mesma maior parte que gastou) em prol da estabilidade europeia, personificada pela senhora Merkel. Temos de ser estáveis, blá blá, crescimento, blá blá, austeridade e sabemos hoje que teremos ainda mais austeridade. Não resulta, senhores, como podem ser tão cegos que não vejam o que está à vossa frente? Não resulta porque já não há muito mais por onde cortar para vos fazer mangas quentinhas para o inverno. Daí ninguém se entender na Grécia, impõem-lhes o mesmo remédio que lhes parece bem pior que a doença. Não há onde ir buscar a um povo que já levou com tanta austeridade e que se vê grego para pôr pão e água na mesa, onde a economia definha, os negócios estão moribundos e todo o mundo os encara como um cão moribundo a quem seria mais piedoso abater. É este o modelo que se quer para Portugal. Se a OCDE nos sugere mais austeridade, onde vai esta ser aplicada? Casas devolvidas a cada hora, negócios que falem a cada dia, pessoas que cada vez menos têm dinheiro para satisfazer as suas necessidades mais básicas, é este o nosso retrato, não aquele que tentam vender, de um país empenhado e sólido. Fragmentamo-nos e na verdade, o nosso governo, para além de não se aperceber, nem sequer se preocupa.

O que me leva à minha questão fracturante (todas as questões relevantes parece que têm de levar o epíteto de "fracturante"). Hoje, por exemplo, há greve do metropolitano, tem havido greves e manifestações, e todas essas coisas horrorosas da esquerda comedora de criancinhas e dos malandros dos sindicatos, coisas estas que não levam a lado nenhum. Todavia, foram esses mesmos monstros decrépitos que conseguiram que na Alemanha, os salários da indústria metalúrgica subissem mais de 4%. Claro, o mesmo não se poderá aplicar neste país à beira-mar plantado, a Europa aconselhou-nos a dar cabo da nossa indústria e a metalurgia não foi excepção.
Bom, mas isto ia levar-me a uma questão coisa, que é precisamente a quem raio servem estes governos fraquinhos? A nós, que os elegemos, que nos damos ao trabalho e à ingenuidade de ainda acreditar que vale a pena exercer um direito que cada vez mais parece corrompido? Infelizmente, não me parece que assim seja.

publicado por Vita C às 14:38
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20
Mai 12

E ele adormecer enroscado e abraçado a mim, ternurento e fofo, e acordar em pânico e estremunhado, com o meu urro de dor (psicológica) quando a Académica marca o golo que lhe deu a Taça?

Casais felizes. A solução está, sempre, nas coisas simples...

publicado por Vita C às 20:35
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18
Mai 12


A Ana é a minha melhor amiga. Não o foi sempre. Houve tempos em que mal nos encontrávamos e mal falávamos, porque as pessoas às vezes afastam-se e são afastadas pelo tempo, pelos outros, pela falta de rotina, por tanta coisa...
Mas a Ana é, incontestavelmente, aquela pessoa para quem eu sempre lá estive e estarei. Foi a primeira pessoa a quem telefonei quando a minha avó morreu. Foi com a Ana que passei das férias mais loucas que hei-de passar. Foi a pessoa que me aturou feitos e feitios durante anos a fio, até aos dias de hoje. É a pessoa mais fiável a quem podem perguntar a história real da minha vida. Ela viu-a da primeira fila, dos camarotes, das galerias ou dos bastidores. Foi à Ana que liguei quando fui internada no HEM.
É recíproco. Foi à Ana que levei a beber imperiais quando o tio morreu e ninguém sabia como a consolar. Foi à Ana que liguei incessantemente quando a mãe foi operada a um cancro da mama. Foi pela Ana que deixei a minha metade em Lisboa e conduzi mais de 300 km para passar duas horas com ela no dia em que fez 30 anos. Foi à Ana que meti em apuros quando, no dia em que a conheci, lhe liguei para casa e, confundido a voz dela com a voz da mãe, a chamei de anormal por não me estar a reconhecer ao telefone. Vão já uns bons 20 anos.

Parabéns para ti, gaja. 

publicado por Vita C às 16:45
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17
Mai 12

E passaram-se mais de três meses desde o último cigarro, iupi. E doze quilos também.
Tendo em conta a minha pequena estatura e a minha mantra de não deixar de comer o que gosto (senhores, deixei de comer carne vai para 16 ou 17 anos, já nem eu sei bem, e isso já é dieta mais que suficiente), esta indesejada instalação de gordura insidiosa começou a incomodar.
Apesar de praticar o "i don't give a damn about the way you look at me" há já vários anos, confesso que a forma cilindrica com que me apresentava começou a incomodar-me mais do que gostaria de admitir.
E depois veio o dia da Mãe. Depois de uma viagem por esse Portugal, chego a Lisboa estafada e tenciono fazer sossegadamente a minha meia hora de caminhada habitual ... e o que é que faço? Corro. Ou uma coisa parecida com correr. Acho que não corria desde 1998 (na faculdade nunca corria para o autocarro e foi neste ano que entrei). E, apesar de o coração me ter saltado pela boca nos 25 metros que aguentei, a coisa não correu tão mal como isso, e o cardio-frequencímetro disse que não estava assim tão à beira da morte. Passei a andar/ correr nos dias em que não vou à hidroginástica (que comecei esta semana e está a ser muito mais cansativa do que pensei). Descanso dois dias por semana (sextas e domingos).
Resultados? Até ver, não perdi peso, não ganhei firmeza, não me tornei na próxima miss universo. Mas o que é certo é que ando com muito mais energia. Se conseguirei manter este ritmo? Não faço ideia. Mas, como sempre, isto só tem piada enquanto, precisamente, tiver piada e for divertido, não quero ser maratonista nem coisa que o valha. Quero ter um corpo saudável mas quero, sobretudo, poder comer. A ideia de um corpo esbelto e sedutor é tão mental quanto a minha atitude perante isso. O que importa, o que sempre importou, o que sempre orientou o meu princípio e modus vivendi é a regra da matinal: gostar de mim.

publicado por Vita C às 09:46

15
Mai 12


12 anos depois, chegou. A metade voltou a comportar-se como se o Pai Natal existisse... e os servidores da Blizzard deram o badagaio.
Não há expansão do WoW que chegue ao ansiado Diablo 3. Até eu joguei a beta! Ontem às 23h lá estavamos a levantar a nossa edição de coleccionador.

publicado por Vita C às 19:19

14
Mai 12

publicado por Vita C às 09:47
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