Não sou uma pessoa politicamente correcta.
Há muitos anos, quando fazem aquelas perguntas esquisitas tipo, quem é o teu herói preferido ou diz-me alguém que admiras, dos meus lábios sai sempre o nome de Bobby Sands. Pela determinação. Pela persistência. E sobre quem a Dama de Ferro disse coisas absolutamente políticas, mas não menos horrendas. Porque 66 dias sem comer não é coisa que se faça de ânimo leve. Ter o estatuto de prisioneiro político deveria ter sido um direito. Bobby Sands seria para mim um herói? Não, não concordo com a violência. Mas por ter sacrificado a sua vida em nome de um ideal, por se ter privado e ter suportado sessenta e seis dias e ter pago com a própria vida a sua dedicação, sim, Bobby Sands é um herói.
Não posso ter pena de Margaret Thatcher, ou sequer simpatizar com ela. Espero que tenha partido sem sofrimento, mas não empatizo com quem afirma ter sido uma grande perda. Politicamente, talvez tenha sido. Humanamente, tenho as minhas reticências.