Vi este fim de semana.
Houve qualquer coisa que me perturbou logo de início. Sou adepta fervorosa de thrillers, de filmes que nos mostrem o lado sombrio e obscuro da mente, que nos mostre de como os limites da sanidade se tornam moldáveis e flexíveis.
Ainda assim, cheguei ao fim do filme (que, sem ser brilhante ou magistral, está bem construído sem cair muito no expectável) com um travo amargo. Algo me estava a incomodar e eu nem sequer estava a conseguir detectar muito bem o motivo. Existem varios níveis e formas de se manipular alguém (remeto, como sempre, para o - esse sim, brilhante e magistral - The Usual Suspects). E aqui era uma manipulação psicológica paradoxal, feroz, agressiva.
E depois, analisando com alguma minúcia, percebi. Basicamente, é que é também com isto que lido no trabalho, todos os dias. Com sofrimento atroz, com desespero e egocentrismo, com raiva e fúria, com esta forma patologica de estar. Nem todo o meu dia de trabalho é este cenário, mas parte dele é, de facto, inacreditável para a maioria das pessoas. E quando procuro um filme, pretendo desligar-me do que me toca todos os dias, não a repetição disso mesmo. E, embora goste de thrillers e afins, este filme tem demasiada realidade para me fazer abstrair.
Posto isto, o filme é, de facto, bom. Eventualmente, bom demais.