Acabei. Os bons livros deixam-nos com um sentimento de orfandade. Os bons livros que encerram histórias, unem pontas soltas e nos permitem ver o grande esquema das coisas ainda acentuam mais essa perda.
Acabei. Os bons livros deixam-nos com um sentimento de orfandade. Os bons livros que encerram histórias, unem pontas soltas e nos permitem ver o grande esquema das coisas ainda acentuam mais essa perda.
Muitas coisas. Algumas nao particularmente inteligentes...
Há uns tempos, metade ofereceu-me um chapéu. Eu sou pessoa de chapéus, gorros, fitas e enfins. Por mero acaso, nao tenho usado muito ultimamente. Esta semana usei um, cor-de-vinho. E hoje ia a sair e fui buscar uma boina. Diz metade, meio sonolento, "ah, e entao o meu?". E pensei, opá, nao custa nada faze-lo um bocadinho mais feliz. Fui trocar de chapéu e eis que as minhas botas azuis nao diziam bem com o chapéu castanho e verde. Ora ocorre que as únicas botas castanhas que tenho que dá para usar com calças largas sao umas de saltos (sao velhas, velhinhas, giras, mas com um salto que ainda hoje nao percebo como as comprei). E lá fui eu, trocar de botas.
Sao estas horas e estou aqui no trabalho, com uma dor de pés do camandro, a maldizer a minha decisao e o raio das botas...
Trabalhar numa multinacional é também levar com os postais e emails de Thanksgiving. É uma espécie de Natal em Novembro (calha amanha). E uma calmaria por estas bandas. Ainda bem!
Mas é também um tempo de reflectir sobre aquilo pelo qual estamos gratos. Aquilo que muitas vezes tomamos por garantido. Pensem nisso.
Leio. Não tanto como há uns anos, mas ainda da mesma forma ávida e voraz. Ler é um vício, um prazer. Tanto que grande parte dos meus amigos e família, sabendo do meu gosto esquisito no que toca a roupa e coisas práticas, optam de forma segura por me oferecer livros.
Faço anos daqui a uns dias. O último livro do Záfon, que ainda por cima encerra a saga do Cemitério dos Livros Esquecidos, saía esta semana. Comprometi-me a não comprar, na esperança de o receber quando fizesse anos.
Hoje fomos às compras, mundanas, comida, ração, enfim, banalidades. E eis que metade diz, olha lá, aquele não é o livro que querias? Poupo-vos os pormenores... até porque tenho aqui ao lado um livro para começar a ler. É este aqui:
... mas há coisas estranhas a acontecer. Como ontem, em que cheguei a casa e fui tirar as lentes de contacto. Enchi a caixinha com líquido. Fechei a caixinha com líquido. E fui à minha vidinha. Com as lentes ... nos olhos.
A propósito deste texto, em que João Miguel Tavares confunde a pessoalidade com o profissionalismo, transcrevo, na íntegra, a concisa, mas nem por isso menos extraordinária, resposta da Ana Matos Pires. Mereceu o meu aplauso, tanto como psicóloga como enquanto católica...
Levei o desafio até ao fim. Merecia palminhas, só pelo que me custou conseguir cumprir o protocolo de tomar a cápsula e o compromido ao comer, todos os dias. Para mim, rituais de beleza e bem-estar sao cumpridos na hora do banho (e mesmo assim, há dias em que é preciso motivacao extra).
Tenho cá para mim que continuo com cara de miúda. As rugas que tenho, digo eu, sao de expressao. Mas eu também sou aquela pessoa que, confrontada com os seus cabelos brancos (e já sao alguns), me safo com um "é louro, muito clarinho" e até há quem acredite. Na verdade, o efeito das cápsulas, para poder ser verificado, deveria ter sido testado durante mais tempo. Agora, que acaba por ser fácil entrar no ritmo do processo e que, segundo o que li, até tem todo o potencial de atrasar o afundamento de rugas, isso parece-me sólido.
Por isso, parece-me uma campanha muito positiva. Até porque estou a chegar aos 36 e gostaria muito de me manter com cara de miúda.
Fomos à ante-estreia (graças a passatempo que ganhei). E adorei este filme. Sim, tem o Liam Neeson, e só isso era meio caminho andado, confesso.
Mas também tem muito mais. Não vos estragarei a surpresa, caso queiram ir ver. Aliás, vão ver que julgo que podem sair agradavelmente surpreendidos. Sei que há muita coisa boa em exibição, com muito mais peso comercial (metade queria ir ver o Dr Estranho ou então o Inferno, portanto, blockbusters de referência), mas arrisquem.
A história, não sendo propriamente inesperada ou imprevisível, está bem desenvolvida, sem sentimentalismos ou dureza excessiva (os mais sensíveis irão precisar de um ou outro abracinho terno e podem contar com uma ou outra lagrimazita, nada de repreensível, pelo menos para mim, que chorei que nem uma Madalena no Up! Altamente).
Um ponto extra para as sequências de animação do filme. Tem sido uma área com a qual tenho contactado mais recentemente e, sem quaisquer conhecimentos técnicos, posso garantir que é fascinante e arrebatador.
Fica a sugestão.