espaço de mau feitio, alguma reflexão, música e outras panóplias coloridas

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Jul 09

 

Está a dar no telejornal a história do pai que em Coimbra teve de ser assistido por estar em greve de fome há um dia, estando a subsistir de café e água. Um claro aproveitamento da mediatização que se gerou em torno do já famoso "caso Martim".

 

Primeiro, por mais injusta que seja a retirada de uma criança aos pais, existem os devidos trâmites legais para recorrer. Esses é que são os válidos e são esses que devem ser usados. Senão andamos como o Isaltino (que conheço muito bem, visto ser munícipe de Oeiras), a sair da sala de audiências porque não concordamos (mas que merda é esta? bem, aqui não me alongo).

Segundo, porque onde vai um português, não têm de ir logo dois ou três, e este é o verdadeiro risco do "caso Martim": abrir os precedentes para que as crianças que são retiradas aos pais por razões claras ou que são entregues voluntariamente para adopção efectivamente possam seguir o seu caminho.

Se são crianças retiradas aos pais, fiquem sabendo que não o são levianamente. Por mais minadas de cunhas que as Comissões de Protecção a Menores estejam, não deixam de ter rígidos procedimentos e critérios. Cada vez mais as relações de pais que ainda não são adultos de plena consciência são montanhas-russas, hoje estão bem, amanhã não sabem, e depois de amanhã já se amam outra vez até ao fim do mundo. Se acham que isto é o bom para uma criança, argumente-se que as instituições podem não ser boas, mas ao menos são mais constantes.

Claro que os pais podem lamentar a sua decisão, mas se são adultos para darem trancadas desprotegidas, se são adultos para decidirem o futuro de uma criança ao entregá-la para adopção, não são lá muito adultos ao recorrer a uma grevezita de fome a café (com ou sem açúcar??) e água (até porque para mim, greve de fome foi a dele). Pode parecer frio, mas pensassem antes. Uma criança quando nasce não vem com uma cláusula de teste, é algo demasiado inocente para ser experimentado ou testado. É a vida.

 

Não pretendo com isto que se anulem os direitos dos pais. Só que ser pai não é só o fruto de uma ou de muitas quecas. Não é um acidente, ou não deveria ser. Mais a mais, com a despenalização do aborto (que não me merece comentários de momento), cuja grande bandeira foi a de evitar muitas situações como as que têm vindo a lume, estas questões perdem sentido crítico.  Ser pai ou mãe não é um direito adquirido. É um privilégio. Felizes daqueles que se esforçam para o merecer.

Dardejem lá, ou não, esses comentários viperinos...

publicado por Vita C às 20:13

A mãe do menino Martim poderia ser chamada de criança e nem hoje ainda tem idade pra trabalhar, para se sustentar a ela e mais o filho, por isso irá precisar de apios do pai do Matim e dos avós. Nestes casos, que envolvem progenitores crianças, não deveria ser decidida a adopção dos seus filhos tão rapidamentem, mais a mais sabendo nós que há tantas crianças que não chegam a ser adoptadas por falta de candidatos a adoptantes.
Não sei como são as feitas as investigações que determinam a adoptabilidade de uma criança, porém, os avós deverão (ou deveriam) ser sempre ouvidos e, caso queiram (quizessem) assumir a tutela da criança, essa possibilidade deveria ser-lhes permitida.
Zé da Burra o Alentejano a 10 de Julho de 2009 às 12:00

Essa dos avós é engraçada...
Primeiro, porque é preciso que os avós se queiram envolver no processo. Segundo, porque os avós precisam de saber educar os próprios filhos antes de poderem educar os netos. Mas não deixa de ser uma perspectiva a considerar...
São precisas mudanças de raíz na maneira de fazer e pensar as coisas. A adopção não é solução, mas sobressimplificar (nem sei se a palavra existe, ok?) processos também não.
Vita C a 11 de Julho de 2009 às 23:02

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