Eu sempre me gabei de nunca ter padecido de grande coisa. Nunca parti a cabeça, nunca parti uma perna, o braço, nada... e era uma criança bem irrequieta. Não tive papeira, raramente fico de cama com febre, enfim, o meu organismo é uma alegria harmónica.
Era. De há dois anos para cá resolveu não ser. Ao menos concentrou tudo num só sítio, como se estivesse amuado à espera de um sítio jeitoso para se vingar. O resto está tudo óptimo, e de vez em quando até os médicos dizem que o meu corpo não parece de todo ter vinte e nove anos e onze meses em cima.
Ora hoje lá fui ao médico, a evitar a faca a todo o custo, que eu cá sou uma medricas de primeira. E acho que desta já não consigo evitar a faca. Ou seja lá como for que isto vai ser feito. Parece que tenho de decidir. Como sou um bocado de entrar de cabeça nas coisas, o melhor é parar um bocado e ouvir as ideias a afluirem. Como diz a Maria, atirar a moeda ao ar e ver o que se deseja secretamente. É que isto de decidir coisas médicas não é fácil, nem barato nem dá milhões.
Entramos hoje em período de reflexão.