Quando soube da morte de García Márquez lembrei-me do que escrevi há quatro anos. E do que escrevi um ano depois disso. Recordarei para sempre a tarde de Agosto em que folheei pela primeira vez Cem Anos de Solidão, sentada no chão, com as costas encostadas no sofá da sala, pensando que se era de leitura potencialmente obrigatória na escola, mais valia adiantar trabalho. Não foi de leitura obrigatória, mas deveria tê-lo sido.
Na verdade, tal como "Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o Coronel Aureliano Buendía havia de recordar aquela tarde remota em que o seu pai o levou para conhecer o gelo", também eu me recordarei da tarde remota em que me apaixonei pela escrita de García Marquéz e em que estremeci ao ler as linhas finais da saga Buendía.